quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A Defesa da Pátria

Eram precisamente 18:17 quando se anunciou a derrocada.

O governador foi transmitido pelas rádios e televisões.

Anunciou uma catástrofe e convidou todas as forças vivas a acorrer à pátria.

O povo, efusivo, compreendeu rapidamente a gravidade da situação.

Afadigaram-se os burocratas e homens de negócios,

Apressaram-se os financeiros e especuladores,

Atarefaram-se os melhores alunos e jovens promessas,

Correram os jogadores da bola em dribles e fintas fantásticas,

Marcharam os poetas de pena em riste,

Discutiram os comentadores, inclusive os de prognósticos reservados,

Decidiram os juízes com martelos de partir sapateira,

Caminharam os indesejáveis para a morte… com renovado vigor,

Vestiram-se as crianças da primária de branco, com ar humilde e lavadinho,

Ficaram os presos encarcerados, convencidos da sua culpa,

Torturam-se os inocentes com métodos inovadores, impecavelmente cuidadosos,

Puseram os marechais as suas desavenças de lado, não fosse a sorte traí-los uma e outra vez,

Peregrinaram os peregrinos até Fátima, em busca de curas milagrosas,

Cresceram catedrais de consumo e felicidade,

Os escravos liberam-se finalmente desse odioso nome, não obstante as suas periclitantes carnes,


No entanto, continuamos vivos, tal como os nossos pais.

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