Terra, já não terra
Mas palco de vontades,
Espaço, indulto, céu,
Mísero cortejo de vaidades,
Fome e incompreensão,
Formas, formas sumidas,
Talvez chegado o dia em que serão
Sensações vendidas,
Dor, não é dor ainda
Mas pronúncio vago
Solto ao acaso
N’alma minha,
Fantasmas, monstros pairadores,
Sede sanguinária
Assalta a miragem da Paz,
Verdade, não é verdade
Mas semântica sem sentido
Num mundo individual
Onde nada é realidade,
Morte, já não é morte
Mas manifesto ou alma
Sem saber onde começa e acaba
Mas onde se esconde,
Palavras, não são palavras
Mas rumores, rumores vagos do além
Sussurram sobre culpa e verdade
Sobre todos? Sobre ninguém?
Correr, fugir para longe,
Correr esse país infinito
Onde a fome mata de verdade
De verdade...