Eram precisamente 18:17 quando se anunciou a derrocada.
O governador foi transmitido pelas rádios e televisões.
Anunciou uma catástrofe e convidou todas as forças vivas a acorrer à pátria.
O povo, efusivo, compreendeu rapidamente a gravidade da situação.
Afadigaram-se os burocratas e homens de negócios,
Apressaram-se os financeiros e especuladores,
Atarefaram-se os melhores alunos e jovens promessas,
Correram os jogadores da bola em dribles e fintas fantásticas,
Marcharam os poetas de pena em riste,
Discutiram os comentadores, inclusive os de prognósticos reservados,
Decidiram os juízes com martelos de partir sapateira,
Caminharam os indesejáveis para a morte… com renovado vigor,
Vestiram-se as crianças da primária de branco, com ar humilde e lavadinho,
Ficaram os presos encarcerados, convencidos da sua culpa,
Torturam-se os inocentes com métodos inovadores, impecavelmente cuidadosos,
Puseram os marechais as suas desavenças de lado, não fosse a sorte traí-los uma e outra vez,
Peregrinaram os peregrinos até Fátima, em busca de curas milagrosas,
Cresceram catedrais de consumo e felicidade,
Os escravos liberam-se finalmente desse odioso nome, não obstante as suas periclitantes carnes,
No entanto, continuamos vivos, tal como os nossos pais.
continuamos mortos e sem onde cair vivos.
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