quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Ne tournez pas…



Não vás nem voltes,
Ao intenso glamour do regresso,
É tudo uma ilusão
A vida é dura,

Dura já o é
Para quem nasce, vive  e morre
No local. Fica. Cava a Sepultura e
Pinta a cerca da Aldeia,
Faz o bem ou torna-te Santo,
Ou embrutece-te, banal
No porno do jornal,
Mas fica.

Se gostaste, não voltes.
O que procuras compreender
É como esse país infinito,
As estepes geladas da Mongólia
(todos sabemos que só os mongóis
Sobrevivem à Mongólia),

A vã glória de Napoleão
A loucura de Hitler, as chuvas
Frias do Outono e a lama pegajosa…

Fica. Morre velho, no conforto do lar,
Acumula capital,
Apaga esse fogo insensato,
Esmaga-o, fá-lo desertar,
Sobretudo, não vás nem voltes, fica.

2 comentários:

  1. Ah, sim, ficar e morrer no conforto do lar é - hoje em dia - uma mordomia de abastados.

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  2. Concordo, mas aos poetas não preocupam as questões económicas:-) Todas as opções estão em aberto:-)

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